San Pedro de Atacama - San Antônio de Los Cobres - 335 km
* 76° DIA: 01/11/2018
San Pedro de Atacama é mais um daqueles lugares muito difícil de sair, já com saudades de tudo, o Hotel Corvatsch até agora foi o melhor lugar que fiquei, preciso voltar aqui, é mais uma cidade, junto à AguasCalientes (Machu Picchu Pueblo), para ficar gravado na memória.
Dessa vez não vou voltar pelo Paso Jama, vou pelo Paso Sico, um passo paralelo, off-road, muito mais difícil, na parte do Chile o asfalto é tudo muito belo, parando toda hora para curtir o Deserto do Atacama e suas belezas fascinantes.
Depois de vários Salares, chego na divisa, o asfalto acaba e vem o Off-Road, 11 km depois chego na Aduana, que é integrada, ninguém na fila, um lugar isolado, até os funcionários não ficam nos postos rss, fiz os trâmites de sempre, passaporte saída Chile, entregar o Permisso do Chile, depois carimbar passaporte Argentina, na Argentina não tem Permisso, então é só carimbar passaporte e ir embora.
Assim que sai da aduana, tem 2 caminhos, cuidado, o Google Maps errou no número da Ruta e sugestão de roteiro, na verdade, a Ruta 51 é dessa imagem que postei abaixo, o Maps sugere ir por cima, mas a estrada é muito ruim, foi o que me disseram na aduana, então peguei reto, por um caminho que nem aparece fácil no Google Maps, mas era o certo, inclusive várias placas indicando Ruta 51. O maps precisa corrigir isso.
Mas se esse é o caminho melhor, nem quero saber como é o outro kkkk, 90% do trecho é costela de vaca, 80% Rípio com cascalho e areia, me lembrou o sul da Patagônia, pela luta 40, mesmo assim a viagem não rende, pois a beleza do local faz parar toda hora para fazer fotos e vídeos, pequenos rios, que descem da cordilheira, infiltram e sai pelas rochas vulcânicas, com água quente, um show de natureza, sempre rodeado de sal, nunca vi algo tão surpreendente!
Confesso que às vezes dava medo, pois eu encontrei somente uma caminhonete durante o dia inteiro, região isolada, quase sem vida alguma, alguma mineradora e só, é bom ter muita preocupação e atenção com equipamento, com a moto, para que nada dê errado.
Chego à Abra de Alto Chorrillos, muito alto, (ainda bem que não passei mal, mas levei folha de coca), muito lindo, serras e curvas, logo chego em Santo Antônio de Los Cobres, sempre quis passar e conhecer aqui, não dava muito por essa cidadezinha, mas é muito fantástica, estou amando aqui, é aquele tipo de cidadezinha, pequeno vilarejo do interior da Argentina, estou na Argentina, vou curtir Argentina! Ihuuuu.
Tem vários hostels, achei um por 50 reais, e fui comer algo. Estou cansado hoje, foi bem punk. Quase 12 horas para 335 km.
Amanhã, Tilcara, finalmente!

Cumbitara - Ipiales - 180 km
MEU OBJETIVO FINAL NA COLÔMBIA: "Las Lajas".
* 46° DIA: 02/10/2018
Saí cedinho denovo para aproveitar o dia, muitas serras, essa cordilheira dos Andes é show, dessa vez teve até gelo, muito frio, muitos "Pare e Siga", a moto nas alturas não rende, de 21cv vai para uns 8cv rsss, até que chego na tão esperada Ipiales. Cidade grande, mas nem tanto, não é tão caótica, fui logo ao centro, onde já havia pesquisado hotéis. Há muitos hotéis aqui, a maioria sem garagem, não dá. Achei um bom, bem no centro, por 55 reais com café da manhã e garagem, ótimo, "Hotel Internacional El Nogal".
Como cheguei meio-dia, já de propósito, fui procurar uma Peluqueria (cabeleireiro) para raspar essa cabeleira kkkk. Depois fui bater perna pela cidade, comprar um perfume barato rss, foi muito legal a mulher fazer o perfume, montando ingredientes e ao final um toque de Feromônios para atrair fêmeas kkkkk, bem que tô precisando, só consigo atrair dragões hehehe.
Depois fui andar mais, até que vejo o que? Uma Papas Rellena na vitrine, não aguentei, 3 reais só kkkk, comi com gosto!
Voltei ao hotel, iria lavar roupas hoje, muita roupa, mas no hotel tem lavanderia, fizeram tudo pra mim por 5 reais, haaa, vou fazer isso. Assim aplico meu tempo no turismo, pus tudo pra lavar, amanhã, país novo, tudo limpinho e novo né rsss.
14:00hs, ótimo, bora banhar e pegar um coletivo por 3 reais para Las Lajas. Fica abaixo da praça principal, são aqueles carros que citei em Cartagena, vá perguntando...
Ipiales é muito fria, estamos a quase 3000mts de altitude! Todos andam agasalhados, só o Goiano aqui que não né kkk.
O Santuário fica à uns 15 minutos, em Potosi, tem hotéis também, havia pesquisado e não achei, mas ficar em Ipiales foi melhor rs.
Chegamos, wowwww, é indescritível a sensação de ver tudo isso, quanto mais descia o enorme precipício do cânion, mais o imponente e vislumbrante santuário ia dando as cara. É muito organizado e bonito aqui, muito estruturado, investiram bem! Andei por tudo lá, claro, sempre ofegante, afinal, a quase 3000mts de altitude é complicado rss.
O Santuário de Nuestra Señora de Las Lajas.
O Santuário esta localizado no cânion do rio Guaitara no Departamento de Nariño, na Aldeia de Las Lajas,município de Ipiales, no sul da Colômbia e a 10 km do Equador.
Construído sobre uma ponte de dois arcos que cruza o rio Guaitara. A ponte tem 50 metros de altura por 17 metros de largura e 20 metros de comprimento. A altura do Santuário, de sua base até a torre é de 100 metros. O fundo das três naves é uma parede de pedra natural da garganta do Canion e na nave central se vê em destaque a imagem da Virgem do Rosário, pintada por um autor desconhecido em uma laje de pedra.
Por volta de 1754 a imagem da Virgem do Rosário foi descoberta por uma indígena chamada María Mueses com Rosa, sua filha, quando se dirigiam a sua casa; ao verem-se surpreendidas por uma tormenta, María e sua filha buscaram refúgio na beira da estrada entre as cavidades formadas pelas pedras planas e imensas lajes naturais que caracterizam essa zona do cânion do rio. Para surpresa da mãe, a criança que até aquele momento era considerada surda-muda chama sua atenção falando: "Mamãe, a mestiça me chama..."
Fato foi comprovado pelas autoridades católicas e até então é um santuário de muita importância e visitação.
Ana é dia de Aduana chata, mas um país novo a ser explorado, bora lá, que venha EQUADOR!
Uribia - Punta Gallinas - 350 km
* 38° e 39° DIA: 24 e 25/09/2018
Nada ocorre ao acaso, nenhuma pessoa vem à nós sem um motivo. Esse é um desses momentos, se tivesse ido sozinho, tinha me dado muito mal. Mais um daqueles sufocos para coleção, e provavelmente uma des....
Saímos nós 3 do hotel às 08:30h. Tomamos um café da manhã numa Panaderia, fomos ao ponto do trevo da cidade onde ficam os clandestinos da gasolina, show, é uma briga de concorrentes rs. Enchi o tanque e comprei uma garrafa Pet de 3 lts para levar por 11 reais só, detalhe, gasolina pura, das top.
Com a moto pura, sem baús e bagagens, ficou bem mais confiante fazer o Off-Road que nos esperava. Os próximos 50 km são de boa, pequeno buracos, mas chão batido.
No caminho o Ronaldo perdeu uma bolsa de roupas, a bagagem do Leandro também cai da moto... rsss. Não entendo esses caras que levam até guarda roupa para esses lugares punk rsss. E eu só com a barraca, gasolina extra e 3 lts de água pra beber. Nesse trecho o ideal é não levar nada, só o extremo necessário mesmo.
Perdemos 1h para procurar a mala do Ronaldo, nada.
Logo depois entramos num lugar indicado pelo GPS, fomos indo e depois de um tempo começa a ficar complicado um alagado meio seco e apavorou, pois o barro quiabo até travou a roda dianteira, deu trabalho, atolava e deslizava muito. Até que encontramos um senhorzinho local, numa motinha pequena que ficou até meio bravo conosco porque estávamos ali, ele meio que preocupado dizendo que ali é perigoso, não era para seguir por ali, é rota dos guerrilheiros armados, sem falar que ia dar num outro alagado. Que para Punta Gallinas era para outro lado, ele nos guiaria até um certo ponto...
Fomos seguindo ele por dentro de trincheiras e mato, meio preocupados. Até encontrar um pequeno vilarejo onde paramos e fomos conversar mais. Muito complicado viver ali, como conseguem? Ainda meio receosos, fomos seguindo ele, olhando no gps, íamos para bem diferente da rota do gps, mas arriscamos assim mesmo. Fomos por trilhas e picadas bem punk, chegando em outro lugar o tio nos mostrou o rumo e nos largou, ele salvou agente. Putz, gps não era mais tão eficiente, porque existem mil estradinhas, um emaranhado, seguir gps não é o correto porque às vezes dava num morro, duna, alagado, atoleiro, etc. Mas fomos usando meio a meio e nos informando com os locais. De vez em quando areia, outro pedras, cascalho, buraco, etc. Olha, vou falar, se tivéssemos vindo 3 dias antes teríamos nos lascados, chuva aqui é suicídio, é aquele barro estilo quiabo e atoleiros enormes, ainda bem que estavam secos ou úmidos só.
Levamos 8:00hs para percorrer 150 km.
Se eu tivesse ido sozinho, teria sido um inferno, ou algo bem pior, porque eu teria insistido em seguir o Google Maps, GPS e teria ido rumo aos alagados e guerrilheiros armados, que temem por aqui. Combinação perfeito para uma desgraça. Deus no comando!
Bom, durante o trajeto existem muitos pontos de Pedágios Solidários, onde crianças pedem coisas. É uma cena triste de ver. Eu já sabia disso e comprei um saco de balas e ainda tenho meus balões, fez sucesso rss. Mas é muita pobreza, muito isolamento, da dó.
Foi entardecendo, a água que levamos não dava pra beber, fervia. No painel da moto do Ronaldo, marcava 50 graus. Tava complicado. Mas pelo caminho tem uns vilarejos e num deles uma vendinha, ufa, água gelada aqui, top! Descansados e bora tocar. Uns 20 km chegando, o terreno foi ficando mais difícil, pedras pontudas, soltas, buracos, areia, pequenas dunas que as vezes tínhamos que desviar, mas atolava... Até que chegamos no Farol, wowwww, quanta emoção!
Olha, chegar ao Ushuaia foi um sonho, mas chegar à outra ponta do continente, o ponto mais setentrional, foi loucura demais rsss. Dos 4 Extremos aqui é o mais difícil, 2 dias de Off-Road cansativo e braçal. Fotos e Vídeos e fomos procurar as Hospedagens aqui, já prevendo que ia ser caro, trouxe minha barraca somente, sem mais nada. Na primeira, melhor, hotel Luz Mila, era mais cara, uns 60 reais, na segunda mais a frente, Hotel Victoria, 42 reais o quarto, na rede uns 25 reais, ótimo! Depois de um dia assim, vou no quarto mesmo.
Mas não espere comodidade e luxo nesses lugares, água é salobra, banho com balde, quarto bem básico, gerador de energia até as 10, sem nada. Nem minha necessaire eu levei, só um sabonete emprestado do Hostel Victoria mesmo.
Deixamos coisas no hotel e fomos de moto mais a frente na praia tomar um banho no mar do Caribe e ver o lindo por do sol, top lá.
Voltamos e fomos jantar, 22 reais um prato muito fraco, mas era o que tinha. Tinha muitos turistas lá, apesar de ser isolado, existe um outro meio melhor para chegar, de barco, vá até Cabo De La Vela e pegue um barco para Punta Gallinas, muitos mochileiros lá.
Lua cheia, não precisa mais, que show, que espetáculo...
Hora de dormir, muito difícil ali, não dormi nada, fiquei sempre acordado, tão cansado, tão calor, uma ventania barulhenta, mas nem era isso, as vezes me da dificuldades pra dormir mesmo, não sei porque... Não deu rsss. Até que deu 5h e sai da cama, a lua cheia ainda lá, estava de dia já. Logo acordei os outros 2 e começamos a arrumar. Trouxe uma bolacha e pedi um café lá, porque o Desayuno deles é caro, uns 22 reais. Saímos e fomos ao farol denovo, top demais, estar à outra ponta do continente... Indescritível.
Não estávamos tão preocupados com o trajeto, pois no Garmin tem uma opção "Track Back", era só ir seguindo o tracejado de volta. É a tecnologia que salva vidas! E o que sempre falo, GPS é Garmin, o resto é lixo, já sou vacinado nisso rss
Mesmo assim o trajeto de volta foi punk, sono, não tinha dormido, calor de 50 graus no deserto, sem água fria... Muitos Pedágios, (teve uma hora que fiquei com dó de um menininho, eu parei e ele ficou com tanto medo de mim, achando que eu era um guerrilheiro armado que ia levar ele, ele ficou muito ofegante e quase chorando, pedindo para jogar os chocolates e balões no chão e seguir, enquanto ficou atrás da árvore... Que tristeza meu Deus), mas passamos, quando chegamos a linha do trem, que é a principal, foi alegria, ufaaa.
Quanto a gasolina, não precisava ter levado de Uribia, pelos vilarejos no começo tem muita gasolina pra vender, (quanto mais perto de Punta Gallinas não tem mais), nem barraca, nada. Também creio que o tanque da moto daria. Rodamos 350 km no total.
No caminho aqui, o Leandro Bazotti e sua companheira, foi para Cabo De La Vela, iam ficar por lá, nos despedimos aqui, valeu demais ter conhecido!
Chegando de volta a Uribia, fomos ao hotel que tínhamos deixado as coisas e vamos ficar outra diária, estávamos detonados. Mesmo assim fui procurar um lava-jato para manutenção da corrente, que ficou muito seca e sofrida, começo a me preocupar, pois tenho que cuidar bem da relação, fazer durar ao máximo.
De volta ao hotel e armar tudo novo na moto, de boa. Esperar chegar água no hotel, para lavar bota, camisa, um banho..., aqui em Uribia é região desértica, então, não espere conforto também não, água salobra, Internet ruim, mas minha Claro Américas funciona tão bem que até no deserto de Punta Gallinas estava pegando rss.
Uribia apesar de caótica é bem legal, muita animação e vida, uma pracinha show, gostei desse regionalismo!
Bora dormir mais cedo, amanhã: Cartagena!